Dos quatro temas que abordaremos nesse mês, dois foram os temas que mais movimentaram os mercados em abril, em primeiro lugar a mudança nas expectativas de corte de juros nos EUA. Em segundo, a incerteza no cenário geopolítico com a escalada dos conflitos no oriente médio, principalmente o ataque inédito entre Irã e Israel.
Estados Unidos: Política Monetária e Efeito no Câmbio
Mudança nas Expectativas de Corte de Juros nos EUA: Inicialmente, o mercado previa até três cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) ao longo do ano. No entanto, a publicação de dados econômicos mais robustos que o esperado, particularmente o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de abril, que veio acima das previsões, ajustou drasticamente essas expectativas. Agora, antecipa-se apenas um corte de juros em dezembro. Essa revisão reflete uma resposta do Fed à resiliência da economia americana e à persistência inflacionária, sugerindo que o caminho da política monetária pode ser menos acomodatício do que muitos esperavam.
Câmbio: Uma política monetária mais restritiva resultaria em um dólar mais forte, o que poderia pressionar o real brasileiro, aumentando os custos de importações e potencialmente elevando a inflação no Brasil.
Tensões Geopolíticas:
A tensão entre Israel e Irã intensificou significativamente, marcada por um ataque inédito entre as nações. Esses eventos exacerbaram a incerteza nos mercados globais, especialmente impactando os preços do petróleo e induzindo volatilidade nos mercados de ações e títulos. O medo de uma escalada maior e de envolvimento de outras nações tem levado a uma busca por segurança, influenciando investimentos e estratégias econômicas globais.
Europa: Preparação para Cortes de Juros pelo BCE
Ata do BCE: O Banco Central Europeu (BCE) prepara-se para possíveis cortes de juros já em junho, dependendo da evolução da inflação, contrastando com a postura mais cautelosa do Fed (euronews)
Antecipação de Cortes: O mercado já precifica cortes de 85 pontos-base nas taxas de juros do BCE para 2024, um movimento mais agressivo e precoce em comparação com as expectativas para o Fed
Brasil: Ajustes nas Projeções Econômicas e Impacto no Mercado de Ações
Crescimento Econômico: A projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024 foi elevada para 2,02%, refletindo melhorias nas expectativas do mercado com a economia do país (Exame).
Taxa de Juros: A projeção para a taxa Selic no Brasil em 2024 foi revisada para 9,5% ante 9,0%, em meio a um cenário de incertezas econômicas. Essa revisão reflete a necessidade do Banco Central do Brasil de manter uma postura mais restritiva na política monetária para controlar a inflação, que continua a pressionar a economia brasileira. A incerteza no cenário econômico global, especialmente com as tensões geopolíticas e a política monetária em outras grandes economias, também influencia essa expectativa, pois afeta diretamente as decisões de política monetária doméstica e suas implicações para o crescimento econômico e a estabilidade de preços no país.
Inflação: A expectativa de inflação para 2024 ajustou-se para 3,73%, conforme o último boletim Focus reportado.
Câmbio: Dadas as incertezas que ditaram o mês, com folga, o dólar foi a aplicação mais rentável em abril, com uma valorização de 3,54%, seguido pelo euro, que avançou 2,43%.
Desempenho do Ibovespa: O Ibovespa tem se mostrado como uma das piores bolsas no ano, afetado pela incerteza na condução da política monetária. O principal detrator de rentabilidade é o fluxo estrangeiro que continua a minguar, com os saques superando R$ 10 bilhões no mês e no acumulado do ano mais de 30 bilhões.
Reflexões Finais:
A complexidade das dinâmicas econômicas e geopolíticas atuais requer uma análise cuidadosa e contínua para a tomada de decisões. As próximas semanas serão cruciais para entendermos os desdobramentos tanto das políticas monetárias quanto dos conflitos geopolíticos e seus efeitos sobre a economia global.