Macroeconomia
Na opinião do gestor João Gabriel H. de Souza, como resultado de movimentos inesperados no cenário global, o mês de março foi o mais agitado do ano, até o momento, em termos macroeconômicos. A Suíça cortando os juros depois nove anos contrastou dramaticamente com o Japão, que elevou suas taxas pela primeira vez desde 2007, encerrando uma longa era de deflação. Este movimento marca o Banco Central do Japão (BoJ) como o último a abandonar o uso de taxas negativas como ferramenta de política monetária.
As Mudanças no Brasil e nos EUA
Ainda no campo da política monetária, em março também tivemos decisões nos EUA e no Brasil. Enquanto o Fomc, nos EUA optou pela manutenção das taxas de juros no patamar de 5,50% e 5,25%. No Brasil o Copom reduziu a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual para 10,75% e afirmou que uma nova baixa de mesma magnitude deve ocorrer na próxima reunião. O ponto crucial foi a retirada do Foward Guidance que o Banco Central do Brasil havia adotado. Ele sinalizava para as duas próximas reuniões suas prováveis tomadas de decisão e falava em corte(s) de mesma magnitude para próxima(s) reuniões(s), no plural. Tal mudança é devida ao que já havíamos alertado, o Banco Central não conseguirá manter o ritmo de cortes de juros no Brasil se os juros não a cederem nos EUA.
Economia Americana e Fluxos de Investimento
As tendências mapeadas em fevereiro se confirmaram e intensificaram. A inteligência artificial passa a atrair significativamente o fluxo de investimentos para os Estados Unidos, em detrimento de economias emergentes ligadas a commodities. O S&P500 teve o melhor 1° trimestre desde 2019, com valorização de 10,16% no ano. Já a bolsa brasileira medida em dólares pelo MSCI Brazil (EWZ), coroou-se como pior ativo do ano até o momento, grande parte devido ao declínio de 17,68% nas ações da Vale, que detêm um peso significativo na composição do índice Ibovespa (-4,53% em 2024). Certamente, a instabilidade política provocada pelo presidente Lula, com suas intervenções nas empresas privadas (Vale) e na política de dividendos da Petrobras, contribuíram para este feito.
Assim, finalizamos o mês com fluxo de saída de investimentos estrangeiros na bolsa em torno de R$ 5 bilhões e no acumulado do ano o fluxo é negativo em mais de R$ 20 bilhões.
Perspectivas Futuras
Na opinião do gestor, o final de março, apesar feriado em vários países ocidentais, dia 29 foi marcado pela divulgação do índice de Preços de Consumo Pessoal (PCE) nos EUA, dado mais relevante para tomada de decisão do FED na condução da política monetária. O dado chamou atenção por indicar pela primeira vez no ano uma performance da economia e inflação abaixo do consenso do mercado, esse resultado pode sinalizar o início de uma abordagem mais flexível em relação à política monetária nos EUA, o que deve trazer alívio para ativos de risco em países como o Brasil.